Dívida dos países africanos ultrapassa 990 bilhões de euros

Dívida dos países africanos ultrapassa 990 bilhões de euros

Dívida dos países africanos ultrapassa 990 bilhões de euros

Entre 2010 e 2023, a dívida dos países africanos quase triplicou, alcançando a marca de 1,1 trilhões de dólares (aproximadamente 990 bilhões de euros). 

Esse aumento expressivo coloca em risco a estabilidade financeira e o desenvolvimento econômico do continente.

De acordo com a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA), os países africanos gastam anualmente 163 bilhões de dólares com o serviço da dívida.

Esse ônus financeiro provoca uma grave crise orçamentária, com mais de um terço dos países africanos enfrentando sobre-endividamento ou um elevado risco de cair nessa situação. O porta-voz da UNECA alerta que a dívida soberana na África superou 1 trilhão de dólares, ressaltando a gravidade do problema.

O impacto da dívida pública na capacidade dos países africanos de financiar investimentos essenciais para o desenvolvimento econômico é uma preocupação constante para Claver Gatete, secretário executivo da UNECA.

Gatete defende a necessidade urgente de reformar a arquitetura financeira global, priorizando empréstimos concessionais, que oferecem juros mais baixos e prazos mais longos em comparação aos empréstimos comerciais tradicionais.

Essa reforma é considerada essencial para aliviar as dificuldades de acesso a recursos financeiros, que são vitais para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Entre 2010 e 2023, a dívida dos países africanos aumentou em 192%, atingindo 1,1 trilhão de dólares. O custo anual para o pagamento dessa dívida subiu para 163 bilhões de dólares, o que corresponde a mais de 146 bilhões de euros. Esse valor recorde limita a capacidade financeira dos países de implementarem as medidas necessárias para alcançar os ODS e os objetivos do programa de 10 anos da União Africana.

A UNECA sugere que uma solução viável para a crise da dívida poderia ser a emissão de títulos verdes, azuis ou sustentáveis, vinculados a projetos ambientais, marítimos e de desenvolvimento. Esses títulos poderiam atrair investidores dispostos a aceitar taxas de juros mais baixas.

A pandemia de COVID-19 intensificou a já crescente crise da dívida pública, colocando muitos países africanos em sérias dificuldades financeiras. A Zâmbia foi a primeira a buscar uma solução em 2021, negociando a reestruturação de sua dívida com os credores.

Cristina Duarte, conselheira especial do secretário-geral da ONU para a África, apontou recentemente que a implementação das metas dos ODS está aquém do necessário, com apenas 12% das 140 metas atingidas até agora.

Duarte destacou a importância de abordar as causas fundamentais dos desafios de financiamento que o continente enfrenta, com ênfase no financiamento sustentável e no fortalecimento das instituições para aumentar a resiliência.

As propostas dos países africanos para reformar a arquitetura financeira global, incluindo a alocação dos Direitos Especiais de Saque aos bancos multilaterais de desenvolvimento, serão oficialmente apresentadas na Cimeira do Futuro, que ocorrerá durante a Assembleia-Geral da ONU em setembro, em Nova York.


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