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Venâncio Mondlane: frente única por desespero ou estratégia?
Segundo especialistas em legislação eleitoral, o apelo de Venâncio Mondlane para formar uma frente única da oposição em Moçambique com o objetivo de derrubar a FRELIMO do poder é considerado "fora de época" legalmente. A proposta surge após a retirada da Coligação Aliança Democrática (CAD) da corrida eleitoral e levanta questões sobre se a iniciativa representa desespero ou uma estratégia política de sobrevivência, especialmente considerando a situação atual em que Mondlane se encontra mais isolado e vulnerável após o afastamento da coligação que o respaldava.
De acordo com a análise de Guilherme Mbilana, especialista em legislação eleitoral, essa configuração dificilmente poderia ser concretizada a tempo das próximas eleições em outubro de 2024, uma vez que os trâmites formais para oficializar tal apoio teriam que ter sido cumpridos durante as etapas de inscrição de partidos políticos e apresentação de listas de candidatura. Assim, resta a Mondlane focar-se na sua candidatura presidencial, pois suas chances de conquistar assentos no Parlamento, assembleias provinciais e para o cargo de governador provincial foram eliminadas pelo Conselho Constitucional devido à exclusão da CAD.
Segundo Hilário Chacate, Venâncio Mondlane encontra-se em uma posição fragilizada, perdendo apoio e enfrentando dificuldades para ter sucesso nas eleições presidenciais devido a várias razões. Chacate destaca que Mondlane ainda mantém popularidade principalmente em áreas urbanas, mas suas chances de vitória são escassas.
Mbilana também expressa a injustiça da exclusão da CAD da corrida eleitoral pelo Conselho Constitucional e concorda que Mondlane está politicamente enfraquecido neste momento, com limitações para mobilizar apoio da forma planejada. Embora Mondlane ainda possa ter impacto durante a campanha eleitoral como candidato, suas opções organizacionais estão restritas devido às circunstâncias atuais.
Mondlane surpreendeu ao convidar a oposição para apoiá-lo, apesar de parte dela estar determinada a prejudicá-lo, mesmo que isso resulte em danos para a democracia moçambicana. Tanto a RENAMO quanto o MDM votaram contra medidas que beneficiariam o candidato na CNE.
Será que o apelo de Venâncio aos seus opositores é um ato de desespero? De acordo com Chacate, "essa é uma medida de sobrevivência política a curto prazo, pois a longo prazo Venâncio Mondlane ainda pode desempenhar um papel relevante na política moçambicana. Ele já demonstrou ter um amplo apoio e ser habilidoso politicamente, apesar de suas falhas."
Ao abandonar o Parlamento, onde representava a RENAMO, Mondlane abriu mão não só da sua projeção política dentro do partido, agora comprometida, mas também das vantagens concedidas aos representantes do povo. Além disso, questões financeiras levantadas por Hilário Chacate indicam que o ex-deputado pode estar passando por dificuldades.
"Venâncio Mondlane precisa manter sua imagem como pessoa e político, assim como garantir seu sustento. Nos últimos anos, ele encontrou essa sustentação na política. Agora, com todas as suas oportunidades limitadas, ele enfrenta uma situação extremamente desafiadora", conclui Chacate.
Fonte: DW