Foto: Sapo24 |
Hoje, no centro de Moçambique, a Renamo realizou o funeral de André Matade Matsangaísse, seu fundador e primeiro comandante. Os restos mortais foram transferidos de Gorongosa, onde ele faleceu há 45 anos, acompanhados de clamor para que seja reconhecido como herói nacional.
"Estamos prestando uma homenagem justa e há muito aguardada por todos nós", afirmou Ossufo Momade, presidente da Renamo, durante a cerimônia fúnebre realizada hoje na aldeia de Xinhambuse, na província de Manica, Moçambique, onde nasceu André Matade Matsangaísse.
Considerado um herói por muitos, especialmente no centro do país, e um vilão por outros, principalmente no sul, Matsangaísse, que foi membro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), iniciou a guerra civil em 1977 com apoio da Rodésia, lutando contra o governo socialista que surgiu após a independência em 1975. Ele morreu em combate em 1979 na vila da Gorongosa, a primeira base da Renamo.
Para a Renamo, Matsangaísse deve ser reconhecido como um herói, um líder que se opôs a um regime comunista que considerava um “inimigo da democracia”.
“Reiteramos nossa exigência ao Estado moçambicano para que proclame Matsangaísse como herói nacional”, enfatizou Momade, apontando que o antigo líder guerrilheiro, sucedido por Afonso Dhlakama (1953-2018), teve um papel crucial na luta pela democracia e liberdade em Moçambique.
“Negar essa realidade é como tentar encobrir a luz do sol”, declarou Momade, que interrompeu sua campanha para as eleições gerais de 9 de outubro, nas quais tentará novamente a Presidência, enquanto defende que Matsangaísse “lutou pelo bem-estar do povo e pela democracia no país”.
Os ex-guerrilheiros que seguiram Matsangaísse lembram dele como um "líder valente", destacando essa "qualidade" como uma das razões para sua morte.
Matsangaísse perdeu a vida ao ser atingido por um tiro na cabeça após ter perseguido um grupo que atacou a nossa base. Existem rumores de que ele teria sido resgatado por um helicóptero e levado para a Rodésia, onde faleceu durante o trajeto. Isso é falso. Eu estava presente com ele. Ele morreu no local, e tentamos, sem sucesso, recuperar seu corpo, afirmou Olímpio Cardoso, ex-guerrilheiro da Renamo, durante a cerimônia.
André Matade Matsangaísse (1950–1979) foi o primeiro comandante da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), a qual ajudou a fundar. Ele foi morto na Gorongosa, centro de Moçambique, durante um ataque às forças governamentais no contexto da guerra civil que se seguiu à independência do país.
Os restos de André Matsangaísse foram exumados na sexta-feira de um cemitério na antiga vila Paiva, agora parte do município de Gorongosa, na província de Sofala. Após permanecerem ali por 45 anos, foram trasladados para o cemitério da família, localizado em Manica, sua terra natal, na província homônima.
Fonte: Sapo24