Foto: O País |
Suspeito de crime falece em condições suspeitas em cela na Beira
Um suspeito de crime faleceu na cela de uma delegacia na cidade da Beira, após alegadamente ser torturado por policiais responsáveis por sua custódia. O atestado de óbito revela uma morte violenta causada por trauma com objeto contundente e líquido quente.
A vítima, identificada como Tomás Eugénio, faleceu nas dependências da delegacia por volta das 22h00 da última sexta-feira, após ser detido durante um funeral de um vizinho.
O corpo foi entregue aos familiares na terça-feira, em um momento de grande tristeza, para os preparativos finais do sepultamento.
Os parentes relataram que encontraram o corpo com marcas de agressão. "O corpo apresentava sinais evidentes de tortura. Os braços estavam inflamados e havia queimaduras de segundo grau. Não sabemos como isso ocorreu. O rosto não mostrava sinais de agressão ou inflamação", explicou Ângelo Domingos, um dos parentes.
Os familiares afirmaram que, após a detenção, só souberam no dia seguinte que o falecido estava na delegacia. Foi na manhã de sábado que foram informados sobre a morte e que não tiveram contato com ele.
Diariamente, os parentes levavam refeições e os policiais pediam comprimidos para a vítima. "Em todas as visitas à delegacia, não nos disseram nada sobre o estado dele. Apenas pediam medicamentos. Na delegacia não havia enfermeiro, apenas policiais civis pedindo remédios."
Tomás Eugénio foi enterrado na terça-feira, mas a família ainda desconhece as razões da detenção e as circunstâncias da morte. O atestado de óbito, compartilhado com o jornal “O País”, aponta trauma por objeto contundente e líquido quente como causas principais.
"Fomos à Procuradoria nas primeiras horas, mas nos disseram para tratar do cartão de óbito primeiro. Voltamos à Procuradoria e entregamos o documento. Eles nos instruíram a realizar o funeral primeiro e depois tratar do caso", detalhou.
A polícia respondeu ao caso em uma coletiva de imprensa, afirmando que a vítima estava supostamente ligada a uma quadrilha envolvida em roubo agravado. Investigações estão em curso para esclarecer as circunstâncias da morte.
"Uma comissão de inquérito foi formada para investigar detalhadamente o ocorrido. Divulgar informações preliminares poderia comprometer o trabalho da comissão", afirmou Dércio Chacate, porta-voz da PRM em Sofala.
Fonte: O País
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