O acesso a dados para redes sociais foi interrompido nas três operadoras de telefonia móvel desde a noite da última quarta-feira, um bloqueio que persiste até o momento. O intuito era impedir a disseminação de imagens referentes à paralisação geral e manifestações organizadas por Venâncio Mondlane, em protesto contra fraudes e os assassinatos de Elvino Dias e Paulo Guambe.
No entanto, esse bloqueio foi rapidamente contornado com a utilização de aplicativos de VPN (Rede Privada Virtual), que permitem contornar a censura. Na manhã seguinte, muitos usuários perceberam a restrição e imediatamente começaram a compartilhar informações, como se fosse uma corrente, sobre como baixar e configurar o VPN, explicando os diferentes tipos disponíveis conforme o modelo de celular.
Até o meio-dia, uma grande parte da população já conseguia acessar novamente as redes sociais, ignorando as restrições destinadas a controlar os protestos. As manifestações estão ocorrendo em diversas localidades, com destaque para as províncias, onde sedes do partido Frelimo estão sendo alvo de protestos.
A equipe do Canalmoz visitou o Instituto Nacional das Telecomunicações de Moçambique (INCM), que regula as telecomunicações e os serviços de telefonia móvel, para buscar entender as razões por trás do bloqueio. Ao chegarem, jornalistas encontraram uma funcionária preparada para "entreter" a imprensa com explicações vagas, redirecionando para as operadoras para mais informações.
As operadoras, por sua vez, permanecem em silêncio e é provável que respondam a essa situação com "bônus" em dados móveis, numa aparente conivência com o regulador para restringir o acesso à informação e aos direitos fundamentais dos cidadãos. Elas parecem estar endossando um movimento que se assemelha a um regime autoritário.