Imagens de câmaras de videovigilância podem ter captado o veículo onde estavam Elvino Dias, Paulo Guambe e outra ocupante antes da execução do crime. O advogado Paulo de Sousa afirma que as entidades que possuem essas imagens devem colaborar com a investigação, mas acredita que o SERNIC pode ter alegado que as câmaras não funcionam para evitar comprometer as provas.
Quase duas semanas após o assassinato do advogado e assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o jornal “O País” retornou ao mercado 04 de Outubro, conhecido como Pulmão, para entender os acontecimentos.
Na fatídica sexta-feira, Elvino Dias chegou ao Pulmão no fim da tarde. Testemunhas relatam que ele era um frequentador habitual, sempre conversando com amigos enquanto tomava cerveja. “Ele estava aqui por volta das 17 horas, conversando com todos,” contou uma testemunha que preferiu permanecer anônima.
Durante sua presença, não foram notadas pessoas estranhas no local. “Todos eram próximos a Elvino, e não vimos carros suspeitos,” afirmou uma fonte.
A versão de que Elvino estaria envolvido em uma briga por questões conjugais foi refutada. “Não houve discussão e não havia muitas mulheres ao seu redor,” disse a fonte.
Na mesma noite, Paulo Guambe também foi morto. Ele havia acabado de sair de um programa de televisão e estava a caminho da Avenida Joaquim Chissano quando foi chamado por Elvino para se juntar a ele. Embora não fossem muito próximos, Guambe acabou se juntando ao grupo após um convite insistente.
Pelas informações, eles deixaram o local por volta das 23h40. Durante o trajeto, uma das moças que pediram carona lembrou-se de que não trancou sua barraca e pediu para descer. Após isso, tiros foram ouvidos. “Pensamos que eram fogos de artifício, mas depois soubemos que os amigos foram assassinados,” relatou uma testemunha, visivelmente abalada.
O percurso seguido por Elvino, Paulo e a jovem incluía várias câmaras de vigilância, que poderiam ter registrado o trajeto até o local do crime. No entanto, a única câmera no local da execução pertencia a uma instituição financeira.
Embora nas proximidades do Pulmão não existam câmaras, há mais de sete ao longo do trajeto, incluindo aquelas da embaixada da Rússia e do Ministério do Interior, instaladas em 2016.
Paulo de Sousa destacou que, mesmo as câmaras sendo de entidades privadas, existe a obrigação legal de colaboração com as investigações. No entanto, o SERNIC já declarou que as câmaras ao redor da cena do crime não estavam funcionando. “O SERNIC não é obrigado a divulgar se tem ou não as imagens, para proteger a segurança das instituições envolvidas,” comentou.
A maneira como os vestígios foram coletados no local do crime também gerou questionamentos. Para Paulo de Sousa, isso pode estar relacionado à disponibilidade da equipe policial no momento do incidente.
Enquanto isso, o mercado Pulmão, ainda em choque, tenta retomar suas atividades após esse trágico acontecimento. Ler mais...