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Camponeses Retornam aos Campos em Cabo Delgado
Camponeses da região de Macomia, na província moçambicana de Cabo Delgado, começaram a voltar aos seus campos de cultivo após terem abandonado a área devido a confrontos entre as autoridades e grupos terroristas.
Fontes da comunidade informaram à Lusa que esses agricultores, oriundos de Namigure e Nambine, estão retomando suas atividades agrícolas entre a sede de Macomia e o posto administrativo de Mucojo.
Os camponeses tinham se afastado da produção agrícola desde junho, em virtude dos intensos conflitos. "Estamos voltando, embora o ambiente ainda não seja ideal. O tempo passa e nossas machambas continuam intactas", comentou um agricultor de Namigure.
Os conflitos envolveram as forças armadas e rebeldes nas áreas de Mucojo e Quiterajo, que ficam a 40 e 70 quilômetros de Macomia, respectivamente. Contudo, os últimos eventos no terreno trazem alguma esperança de segurança. "Na minha área, já há pessoas trabalhando, e eu também pretendo voltar. As chuvas começarão em breve, e quem não se preparar ficará sem nada", afirmou um camponês de Nambine.
Conforme as fontes, as forças armadas aumentaram o patrulhamento nas zonas de cultivo para garantir a segurança dos trabalhadores. "Às vezes contamos com a força local, que tem feito um excelente trabalho de vigilância nas nossas machambas, o que nos incentiva a trabalhar", acrescentou.
Recentemente, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em colaboração com tropas do Ruanda, informaram que neutralizaram dez terroristas em um ataque que também resultou em perdas militares, nas áreas de Mucojo. O presidente Filipe Nyusi declarou que, nas últimas semanas, vários terroristas foram eliminados e importantes acampamentos insurgentes foram destruídos na província.
Nyusi, em seu discurso no Dia da Paz, ressaltou que embora o desafio do terrorismo em Cabo Delgado persista, o combate tem apresentado sucessos, com a desarticulação das ações dos grupos terroristas e a diminuição dos ataques, possibilitando o retorno dos camponeses às suas regiões.
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado enfrenta uma rebelião armada com ataques atribuídos a movimentos ligados ao grupo extremista Estado Islâmico. O último grande ataque ocorreu em maio, quando cerca de cem insurgentes saquearam a vila de Macomia, resultando em numerosos mortos e intensos combates com as Forças de Defesa de Moçambique e tropas ruandesas.
Desde agosto, diversas fontes relataram confrontos entre a missão militar conjunta e os insurgentes nas matas de Mucojo, envolvendo o uso de helicópteros, veículos blindados e armamento pesado, além de tiroteios em locais identificados como esconderijos dos rebeldes. Ler mais...