Na última segunda-feira, houve um clima tenso na Renamo. Ex-guerrilheiros invadiram a sede nacional do partido, que é atualmente o maior do grupo, visando pressionar o demissionário Ossúfo Momade. Momade já havia disponibilizado seu cargo durante uma reunião da Comissão Política Nacional, que ocorreu no último sábado em Maputo.
Os ex-combatentes estão apreensivos quanto ao futuro do seu partido e ainda não foram notificados de que Momade havia colocado seu cargo à disposição. Um número indefinido de homens deixou a sede da Renamo após diálogos, cujos detalhes não foram revelados.
O CIP Eleições está ciente de que ex-guerrilheiros estão exercendo pressão sobre Ossufo Momade para que ele concorde em retomar o uso das armas. Uma fonte sênior da Renamo informou que esses ex-combatentes estão prontos para voltar às matas e reiniciar o conflito armado.
O líder Ossufo Momade deverá convocar o Conselho Nacional da Renamo para divulgar a decisão sobre os próximos passos antes da realização de um congresso eletivo. Este conselho será convocado para o ano seguinte, logo que a atual crise eleitoral se resolva.
Durante sua primeira fala na sessão da Comissão Política Nacional, Momade expressou que se colocava à disposição, pois percebeu que sua presença era um fator de problema para a Renamo. Ele afirmou: "Eu sou, neste momento, o problema desta organização", reconhecendo assim suas fraquezas.
A maior parte dos membros apoiou o pedido de demissão do Presidente do partido, embora uma minoria de seis a sete membros tenha se oposto, destacando Celeste Macote, antiga líder da Liga Feminina da Renamo, e Victor Mudivila.
Ao final, a Comissão Política sugeriu que o andamento do processo ocorresse após a disputa eleitoral, pois havia um clima de tensão entre os envolvidos. Além disso, caso Ossufo Mamade deixe a liderança, a Renamo ficará sob a presidência temporária de José Manteigas, uma figura que já enfrenta críticas internas no partido.
O novo líder da Renamo deverá facilitar uma transição que evite divisões internas. O próximo a assumir a liderança precisa ser alguém que tenha um consenso amplo e que consiga unir os membros que se afastaram do partido, como Manuel Bissopo e os filhos de Afonso Dhlakama. Também se considera a possibilidade de retorno de Venâncio Mondlane.
A Renamo planeja revisar seus estatutos para que o presidente do partido não seja automaticamente o candidato nas eleições. Essa mudança permitirá que a Renamo tenha um presidente e encontre um candidato do partido sem conflitos de interesse.
Essa proposta surgiu após eventos de traição durante o congresso da Renamo, onde havia consenso de que Ossufo Momade não seria o candidato. O presidente da Renamo inicialmente aceitou essa ideia, mas, após a eleição, decidiu aceitar a proposta de membros do partido para que ele fosse o candidato.
Existia uma lista restrita de possíveis candidatos, incluindo Manuel de Araújo, Ivone Soares e Venâncio Mondlane, que se submeteriam a um processo de pacificação interna. A Renamo também considerou a possibilidade de escolher Rosário Fernandes, mas isso dependeria da sua aceitação, dada sua conexão com o partido Frelimo e o apoio das facções mais radicais. Ler mais...
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