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De acordo com um relatório dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), uma criança perde a vida devido à tuberculose a cada três minutos, sendo que a doença tem maior impacto em 14 países, incluindo Moçambique. A organização pede que os Estados intensifiquem seus esforços de combate à doença.
O relatório intitulado "Tic-tac: Testar, evitar, curar a tuberculose nas crianças" analisa as respostas de 14 países que enfrentam um alto índice de tuberculose (TB), coinfecção TB/VIH e TB multirresistente. Entre os países mencionados estão Afeganistão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Guiné, Índia, Moçambique, Níger, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul e Uganda.
O documento destaca que muitos desses países ainda não alinharam suas políticas nacionais de combate à tuberculose às recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos 14 indicadores analisados, apenas um país segue completamente as diretrizes da OMS. Sete países têm aproximadamente 80% de conformidade e quatro estão abaixo de 50%.
Segundo a OMS, 1,25 milhão de crianças e adolescentes (entre 0 e 14 anos) contraem tuberculose anualmente, mas somente metade dessas crianças é diagnosticada e registrada nos programas nacionais. As estatísticas são ainda piores para crianças menores de cinco anos, com até 60% não sendo diagnosticadas, e para aquelas com formas de tuberculose resistente a medicamentos, onde menos de 20% recebem tratamento adequado.
O relatório sublinha que o diagnóstico é um passo crucial para evitar mortes infantis por tuberculose. Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) defendem que os governos precisam quase dobrar o número de crianças diagnosticadas e tratadas para alcançar a meta de 90% de cobertura de diagnóstico e tratamento de qualidade até 2027.
Para prevenir o avanço da doença e reduzir as mortes, a organização aponta a necessidade de melhorar o acesso aos cuidados de saúde, realizar rastreamento de contatos, fortalecer a prevenção e controle de infecções e abordar fatores de risco como a desnutrição.
No que diz respeito ao tratamento, o MSF apoia a recomendação da OMS de um regime mais curto, de quatro meses, que é mais fácil de ser completado por crianças, especialmente quando administrado por serviços pediátricos.
O relatório conclui que as crianças estão sendo negligenciadas no esforço global para erradicar a tuberculose, e apela à união de todas as partes envolvidas no combate à doença. Ele recomenda o desenvolvimento de roteiros nacionais para a TB pediátrica, com a atualização de diretrizes e planos de ação concretos, com o objetivo de aumentar o acesso ao diagnóstico, prevenção e tratamento de todas as crianças afetadas pela tuberculose.