O assassinato indiscriminado de cidadãos desprotegidos por parte da Polícia e das Forças de Defesa e Segurança (FDS), durante as manifestações populares, continua a ser negligenciado pelos órgãos governamentais que deveriam zelar pela proteção das pessoas e dos bens.
Recentemente, o Conselho Nacional de Defesa e Segurança convocou uma reunião extraordinária para discutir a situação das manifestações pós-eleitorais, a evolução das ações de combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, bem como o relatório sobre a morte do Diretor-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), que faleceu no dia 02 de novembro em um acidente aéreo, na região de Mapai, na província de Gaza.
Em nota divulgada ontem, o Conselho Nacional da Defesa e Segurança (CNDS) elogiou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pela postura e compromisso demonstrados nas manifestações, destacando que isso contribuiu para o restabelecimento da segurança e da ordem pública.
Em um comunicado de seis parágrafos, a assessoria do Presidente da República na área da defesa não abordou o assunto dos assassinatos indiscriminados de cidadãos. Apenas expressou "sentidas condolências às famílias que perderam seus entes queridos" e manifestou solidariedade aos empresários que tiveram seus estabelecimentos vandalizados ou saqueados.
O CNDS argumenta que as manifestações organizadas pelo candidato à presidência, Venâncio Mondlane, representam uma "tentativa encoberta de subverter a ordem democrática legitimamente estabelecida e de obstruir o funcionamento das instituições", além de afetar a livre circulação de pessoas e bens, resultando em consequências prejudiciais para a economia do país.
Essa narrativa tem sido defendida pelo Governo, pela Polícia e pelo partido Frelimo desde março do ano anterior, quando cidadãos indefesos foram impedidos de prestar homenagem ao rapper Azagaia, que faleceu no dia 9 de março daquele ano.