Juízes ameaçados com a morte
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As recentes ameaças contra juízes do Conselho Constitucional (CC) de Moçambique refletem o agravamento da insegurança e da tensão social no país, afirmam especialistas durante o programa Noite Informativa da STV Notícias. A análise aponta para um quadro de sofrimento diário enfrentado pelos cidadãos moçambicanos e destaca a fragilidade das instituições diante de uma onda de violência crescente.
Os analistas Alberto da Cruz e Hélder Jauana observaram que a insegurança tem raízes históricas em Moçambique, mas ganhou intensidade nos últimos meses, especialmente após os resultados das eleições gerais realizadas em 9 de outubro.
Para o sociólogo Hélder Jauana, o fato de juízes do CC serem alvos de ameaças indica a generalização dessa prática. “Estamos a construir uma sociedade de gangsters, onde a violência se torna a resposta para impor uma opinião”, afirmou. Ele também destacou que o ambiente de polarização extrema, normalizado recentemente, tem resultado na supressão de liberdades de quem pensa de forma diferente.
Jauana defende que o próximo governo deve priorizar a reconciliação nacional, ressaltando que o desafio político será promover o engajamento da sociedade para superar divisões e restaurar a coesão.
Alberto da Cruz alertou que a situação é ainda mais grave do que aparenta. “Se o Presidente da República, com toda a escolta, é ameaçado, o que dizer de cidadãos comuns? Isso reflete um problema sério de segurança em Moçambique”, destacou. Segundo ele, o aumento da violência tornou o espaço público perigoso, uma condição inaceitável para um Estado democrático.
Da Cruz também ressaltou o impacto das ameaças sobre as instituições do Estado, afirmando que elas podem forçar decisões contrárias ao interesse público, sob risco de represálias violentas. “Isso fragiliza os órgãos estatais e compromete os processos decisórios. É essencial devolver a paz e a segurança ao país”, concluiu.
Especialistas concordam que a crescente violência e polarização são desafios urgentes que exigem ações concretas do próximo governo para restabelecer a estabilidade e promover um diálogo inclusivo em Moçambique.