Falta de vontade política compromete a transparência no processo eleitoral, diz Brazão Mazula

Falta de vontade política compromete a transparência no processo eleitoral, diz Brazão Mazula.


Brazão Mazula expressou que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) agiu de maneira precipitada e politicamente ingênua ao anunciar os resultados das eleições sem abordar as irregularidades identificadas. O ex-presidente da CNE aponta a falta de vontade política para assegurar um processo eleitoral transparente e sugere que a atual equipe seja substituída por juízes e advogados.

Em uma entrevista de uma hora, Mazula analisa a crise pós-eleitoral com a experiência de quem já liderou a administração eleitoral em Moçambique.

"Considero que a CNE se precipitou e demonstrou ingenuidade política ao divulgar resultados com os quais não estava de acordo. Isso representa um erro significativo", afirmou Brazão Mazula.

Ele também critica o tempo excessivo que Moçambique leva para a divulgação dos resultados finais. Mazula se pergunta por que o país precisa ser o único a demorar tanto na contagem dos votos.

"A contagem dos votos começou no dia 9 do mês passado. Hoje é 12, já se passou mais de um mês e ainda teremos que aguardar mais 20 dias", destacou.

O ex-presidente da CNE lembrou que existem sugestões para diminuir esse tempo de contagem, mas nenhuma foi aceita. 
"Em uma eleição anterior, não vou dizer qual, um representante da Commonwealth fez uma proposta.

A Commonwealth poderia ajudar Moçambique a melhorar tecnicamente o tempo de contagem, mas a resposta foi clara: nosso processo não é técnico, é político. Isso indica que, se fosse técnico, teríamos resultados em poucos dias, mas como é político, isso gera manobras. A juventude atualmente se refere a isso como 'boladas'", detalhou.

Mazula acredita que Moçambique deve aprender com essa crise pós-eleitoral e reformular a composição da Comissão Nacional de Eleições.

A estrutura da Comissão Nacional de Eleições (CNE) deveria ser formada por membros da magistratura e da ordem dos advogados. Segundo Mazula, é essencial que esses profissionais integrem a CNE, uma vez que suas funções exigem imparcialidade e isenção de qualquer tipo de julgamento.

Brazão Mazula, que também foi reitor da Universidade Eduardo Mondlane, compartilhou essas ideias durante o programa Grande Entrevista da STV.

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