Para aqueles que ontem já consideraram a situação insuportável, o povo voltou às ruas hoje, como se ontem tivesse sido apenas um "teste de som". Era só para garantir que as buzinas ainda estavam em perfeito funcionamento. Mas hoje, o cenário foi diferente: um verdadeiro clamor, beirando uma espécie de psicose coletiva.
No trânsito do meio-dia, tradicionalmente caótico, ninguém parece ter pressa. Na verdade, a ansiedade agora é que o relógio marque 12 horas, momento de atender a um "chamado nacional" contra a fraude eleitoral e o assassinato de manifestantes. Com buzinas nas mãos e o amor por Moçambique no peito, todos se dirigem às ruas como se estivessem convocados para uma grande mobilização.
O que chama a atenção é a pontualidade, algo incomum em um país onde, geralmente, a pontualidade não é exatamente uma característica marcante. Mas desta vez, todos chegam na hora exata. A mensagem é clara e unânime: "Salvem Moçambique, este país é nosso". E entre uma buzina e outra, o grito de luta ecoa nas ruas.
Se algum dia houver dúvidas sobre a união do povo moçambicano, lembremos destes momentos. Dias em que homens, mulheres e crianças, ricos e pobres, trabalhadores, desempregados e empresários se encontram em um objetivo comum e inegociável: Moçambique.