Mondlane Relata Tentativa de Assassinato na África do Sul
O político Venâncio Mondlane, que se apresenta como candidato à presidência pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), divulgou um vídeo informando ter sido alvo de uma tentativa de homicídio em Joanesburgo. O vídeo foi compartilhado nesta segunda-feira, 4 de novembro, e Mondlane mencionou que se refugiou na África do Sul após as eleições de 9 de outubro.
Em resposta às alegações de Mondlane, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique criticou o ex-candidato, acusando-o de incitar distúrbios e transformar protestos pacíficos em "vandalismo, violência e roubo" por meio de seus discursos.
No vídeo, Mondlane relatou uma situação tensa, afirmando que “assassinos estavam à sua porta”. Ele explicou que conseguiu escapar ao pular pela porta de trás e se esconder em um salão de beleza, levando consigo sua família e bagagens. O político não revelou a data específica da suposta tentativa de assassinato, mas reiterou a gravidade da situação que enfrentou enquanto estava em um dos bairros mais nobres de Joanesburgo, Sandton.
Em resposta à AFP, o Ministério das Relações Exteriores da África do Sul afirmou não ter conhecimento da presença de Mondlane em seu território, ressaltando que qualquer incidente desse tipo deveria ser reportado à polícia local.
Venâncio Mondlane expressou continuamente sua insatisfação com os resultados das eleições de 9 de outubro, que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), foram vencidas pelo candidato da Frelimo, partido que está no poder desde 1975.
Além disso, após os assassinatos de seu advogado, Elvino Dias, e do representante do Podemos, Paulo Guambe, em 19 de outubro—enquanto se preparavam para contestar os resultados na justiça—Mondlane afirmou temer por sua própria segurança, indicando que poderia ser a próxima vítima.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique criticou Mondlane, alegando que ele tem incentivado manifestações a se converterem em "atos de vandalismo, violência e roubo" por meio de seus discursos. Ela ainda solicitou à comunidade internacional "apoio" para restaurar a "estabilidade" no país.
"[Os pronunciamentos do candidato Mondlane e de seus apoiadores criaram um clima favorável para que as manifestações - um direito garantido pela constituição - se transformassem em atos de vandalismo, roubo e violência, que se espalharam por várias regiões do país, resultando em mortes, prisões, saques e danos a propriedades e infraestruturas", declarou Verónica Macamo em uma comunicação dirigida ao corpo diplomático em Maputo.
A ministra das Relações Exteriores de Moçambique expressou sua preocupação com o "uso de jovens, muitos deles adolescentes, na realização de atos criminosos que violam as normas legais e os bons costumes da nossa sociedade".
Macamo enfatizou que o Governo está comprometido em estabilizar a situação e solicitou "o apoio dos nossos parceiros de cooperação para ajudarem no restabelecimento da calma, serenidade e estabilidade".
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou, em 24 de outubro, que Daniel Chapo, da Frelimo, foi eleito presidente com mais de 70% dos votos, enquanto Mondlane obteve cerca de 20%.
Recentemente, as principais cidades de Moçambique têm permanecido em um estado de paralisia, e na quinta-feira, 31, Mondlane convocou uma grande manifestação marcada para o dia 7 de novembro, que ele denomina como o dia da vitória."