A Polícia Disparou Para Matar
A Ordem dos Médicos de Moçambique foi indicada como testemunha no âmbito de um caso junto ao Tribunal Penal Internacional (TPI) relacionado aos assassinatos de manifestantes durante os protestos iniciados em 21 de outubro. A entidade médica apresentou declarações técnicas e públicas que apontam diretamente para a atuação da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Segundo a Ordem, "a PRM disparou para matar", destacando que, antes das manifestações, os registros hospitalares não indicavam ferimentos característicos de armas de fogo ou engenhos bélicos pertencentes ao Estado moçambicano. Contudo, após o início dos protestos, houve um aumento significativo de vítimas apresentando ferimentos com essas características, evidenciando, de acordo com a corporação, o uso sistemático de armas de fogo contra os manifestantes.
Venâncio Mondlane, candidato a presidência do partido PODEMOS, e outras organizações têm conduzido denúncias internacionais com o objetivo de responsabilizar os autores de crimes contra os direitos humanos em Moçambique. As declarações da Ordem dos Médicos agora reforçam as evidências que serão levadas ao TPI.
A Ordem já foi notificada para estar disponível no processo, dado o peso técnico e ético de suas observações na apuração das responsabilidades por essas graves violações dos direitos humanos. O caso é acompanhado com atenção pela comunidade internacional, que exige justiça para as vítimas dos atos de violência.
Foto: Luísa Nhantumbo