Foto: Jornal Visão |
O presidente do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Albino Forquilha, declarou que não vê justificativa para o encontro solicitado pelo Presidente moçambicano com os quatro candidatos à presidência. Ele defendeu a necessidade de uma contagem de votos "transparente" para evitar manifestações.
O Presidente da República reuniu-se com partidos e está solicitando que os candidatos se encontrem com ele. “O que ele pretende discutir com os candidatos? Qual é a solução a ser encontrada, já que a disputa sobre a justiça eleitoral é um processo matemático que determina quem ganhou e quem não venceu?”, indagou o líder do partido que apoia Venâncio Mondlane, em suas declarações à Lusa, enfatizando que a prioridade deve ser a reinstituição da "justiça eleitoral".
Em uma reunião convocada nesta terça-feira, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, se reuniu com os quatro candidatos presidenciais, entre eles Venâncio Mondlane. Durante o encontro, Nyusi expressou preocupação com as manifestações violentas que surgiram após as eleições, descrevendo a situação atual como "caótica" e alertando que a disseminação do medo nas ruas compromete a estabilidade do país.
O presidente enfatizou a importância da transparência no processo eleitoral e defendeu que a verificação dos dados deve ser realizada em conjunto com o Conselho Constitucional (CC). Ele também ressaltou que o processo deve contar com a supervisão de observadores nacionais e internacionais, incluindo jornalistas.
"Comprometo-me a usar toda a minha energia até o último dia do meu mandato para promover a paz em Moçambique. Contudo, para ter sucesso nessa missão, precisamos da união de todos", declarou Nyusi, apelando para a colaboração da população no enfrentamento dos desafios do país.
Na mesma declaração, o líder do Podemos expressou seu descontentamento com as alterações propostas na legislação eleitoral em Moçambique, incluindo a retirada das competências dos tribunais distritais para solicitar a recontagem dos votos, uma atribuição que é de competência exclusiva do Conselho Constitucional. Ele considerou essas mudanças como uma "tentativa de proteger o perdedor" nas eleições.
“A recontagem de votos nos distritos deveria ocorrer com a presença dos representantes dos partidos; como pode o CC realizar o mesmo procedimento sem a participação dos mandatários e outros envolvidos? Enviamos um conjunto de evidências e, até o momento, não temos informações sobre a convocação de algum representante”, criticou Albino Forquilha, ressaltando que as manifestações buscam garantir a "verdade eleitoral".
“Seguiremos realizando manifestações para exigir que a justiça seja feita. Após a decisão do CC, quem mais pode recorrer? Aquele que protesta é visto como desobediente, portanto, este é o momento para agir antes da divulgação dos resultados”, declarou.
O candidato à presidência, Venâncio Mondlane, solicitou na terça-feira aos moçambicanos que observem três dias de luto nacional em memória das "50 vítimas fatais" das manifestações pós-eleitorais, iniciando a partir de hoje, com um desfile e buzinaço nos veículos por 15 minutos.
Mondlane contesta que a vitória foi atribuída a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que obteve 70,67% dos votos, conforme os resultados divulgados em 24 de outubro pela CNE, os quais ainda precisam do aval do Conselho Constitucional.