Três jovens manifestantes foram mortos pela Polícia da República
Três jovens manifestantes foram mortos pela Polícia da República de Moçambique (PRM) nesta terça-feira, na área do mercado Waresta, na cidade de Nampula. Os protestos foram organizados em apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contesta os resultados das eleições realizadas em 9 de outubro.
Além das mortes, a cidade enfrenta um clima de tensão, com relatos de confrontos intensos e bloqueios de estradas. Disparos e o uso de gás lacrimogêneo pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foram registrados em diversos pontos da capital provincial. As principais avenidas, como FPLM, Eduardo Mondlane e Paulo Samuel Kankomba, estiveram parcialmente bloqueadas por barricadas e pneus incendiados.
Os protestos também paralisaram o transporte ferroviário, interrompendo o tráfego de um comboio que transportava carvão mineral de Tete para Nacala-a-Velha. A situação agravou-se após o bloqueio generalizado das vias de acesso à cidade, iniciado ontem por volta das 08h00.
"Estamos cansados de um regime que, em 50 anos, não trouxe melhorias reais para a população. Queremos mudanças e justiça para todos os moçambicanos", declarou Ângelo Amadeu, um manifestante que participou nos protestos.
Por outro lado, alguns cidadãos criticaram a condução das manifestações. Ali Abudo, um ardina local, afirmou que atos de vandalismo ocorridos durante os protestos não refletem as diretrizes de Venâncio Mondlane. "Isso prejudica nossa causa e desvia a atenção do verdadeiro objetivo das manifestações", lamentou.
A UIR interveio para dispersar os manifestantes, mas a repressão violenta intensificou os ânimos. A população jovem que lidera os protestos prometeu continuar nas ruas até que as demandas eleitorais sejam atendidas e melhorias nas condições de vida sejam implementadas.
Especialistas alertam para a escalada da violência e pedem que as autoridades moçambicanas priorizem o diálogo para evitar mais perdas humanas e danos à infraestrutura.
Fonte: A Carta