O candidato presidencial Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido PODEMOS, confirmou sua disposição em participar do diálogo convocado pelo Presidente da República para amenizar a crise política pós-eleitoral. No entanto, Mondlane, que enfrenta processos judiciais da Procuradoria-Geral da República (PGR), descartou comparecer presencialmente a Maputo, preferindo participar virtualmente.
O candidato justifica sua decisão com receios de perseguição judicial por parte da PGR, que move ações contra ele. Além disso, Mondlane condiciona sua participação à inclusão de órgãos do Estado, representantes da sociedade civil e observadores internacionais, como a ONU e a União Africana.
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Mondlane enfatiza que o diálogo deve abordar, prioritariamente, a "reposição da verdade e justiça eleitorais" e a "responsabilização criminal dos envolvidos na falsificação de processos e documentos eleitorais". Ele também exige que o encontro seja ampliado para incluir instituições como o Conselho Constitucional, Assembleia da República, Tribunal Supremo, Tribunal Administrativo, Gabinete do Primeiro-Ministro e a própria PGR.
O candidato também sugere a participação de 11 personalidades de destaque no debate, incluindo o arcebispo Dom João Carlos Nunes, o jurista Teodato Hunguana, e os professores Severino Ngoenha, Brazão Mazula e João Mosca, além de figuras como a escritora Paulina Chiziane e ativistas como Fátima Mimbire.
Entre suas exigências para o diálogo, Mondlane propõe compromissos claros para combater raptos e terrorismo em um ano, além de medidas para reduzir o custo de vida no país. Ele reforça que o diálogo deve ser franco, inclusivo e aberto à participação de observadores internacionais.
O Presidente Filipe Nyusi inicialmente planejou um encontro apenas com os quatro candidatos presidenciais das eleições de 9 de outubro, mas as exigências de Mondlane podem redirecionar o formato e os objetivos do diálogo.
A reunião ocorre em um contexto de forte tensão política, com manifestações recentes que resultaram em mortos, feridos e prisões, ampliando o debate sobre a legitimidade do processo eleitoral e a resposta das autoridades às demandas populares.