Candidato Venâncio Mondlane recusa repetir eleições e exige "verdade eleitoral"
O candidato presidencial Venâncio Mondlane reiterou nesta segunda-feira (9) que o recurso submetido ao Conselho Constitucional apresenta "fortes fundamentos" que comprovam sua "vitória inequívoca" nas eleições gerais de 9 de outubro. Em comunicado à imprensa, Mondlane declarou que a repetição do pleito seria inadmissível.
"Nosso recurso demonstra claramente a vitória de Venâncio Mondlane e do partido PODEMOS. Por que optaríamos pela repetição? Isso beneficiaria os infratores e criaria um precedente perigoso: bastaria cometer irregularidades para forçar a anulação das eleições", argumentou o candidato.
Mondlane criticou a postura da FRELIMO, partido no poder, afirmando que quando alegam vitória, os resultados são validados, mas quando a oposição vence, a solução buscada é a anulação.
Reações da oposição e tensões crescentes
Dois outros candidatos presidenciais, Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), e Ossufo Momade, da RENAMO, defenderam a anulação das eleições, denunciando fraudes e irregularidades. A Ordem dos Advogados de Moçambique também admitiu a possibilidade de um novo pleito como solução para a crise política que se arrasta há quase dois meses.
Mondlane, no entanto, não reconhece os resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda aguardam validação pelo Conselho Constitucional. Caso a vitória da FRELIMO seja confirmada, o candidato alerta para um cenário de "caos" e "colapso do Estado de direito".
Protestos e aumento da violência
Desde 21 de outubro, Moçambique enfrenta manifestações e paralisações generalizadas, marcadas por confrontos entre manifestantes e forças policiais. A Organização Não-Governamental Plataforma Eleitoral Decide revelou que, até o momento, 103 pessoas morreram nos protestos.
Somente na última semana, entre 3 e 7 de dezembro, foram registradas 27 mortes em regiões como Gaza, Nampula e Cabo Delgado.
Mondlane condicionou o fim das manifestações a duas exigências: a comprovação da "verdade eleitoral" e a compensação às famílias das vítimas, além da libertação dos detidos durante os protestos.
Chamado à mobilização
Mondlane convocou uma nova fase de manifestações até 11 de dezembro, com bloqueios de trânsito em "todos os bairros" do país das 8h às 16h, como forma de aumentar a pressão política por justiça eleitoral.
A crise eleitoral em Moçambique reflete um momento crítico na luta por democracia, transparência e respeito à vontade popular.
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