Violência em Protestos Eleitorais em Moçambique
A província de Nampula, no norte de Moçambique, tem sido palco de protestos violentos contra os resultados eleitorais. Desde o início das manifestações, em outubro, mais de 50 mortes foram registradas, segundo a Rede Moçambicana dos Defensores dos Direitos Humanos.
Os confrontos intensificaram-se após a convocação do candidato presidencial Venâncio Mondlane. Sedes do partido no poder, a FRELIMO, foram incendiadas, e prédios estatais vandalizados. Além disso, há relatos de invasões a cadeias, como em Morrumbala.
Polícia Admite Uso de Balas Reais
A polícia de Nampula confirmou o uso de munição real, alegando que o objetivo é dispersar os protestos, mas nega ordens para atirar diretamente contra os manifestantes. Dércio Samuel, chefe de Relações-Públicas do Comando Provincial, afirmou que disparos letais ocorrem em situações extremas.
"Usamos balas de borracha, mas, em casos críticos, podemos recorrer a balas reais, sempre mirando para o ar", explicou Samuel.
Causas da Revolta
Analistas apontam o cansaço da população com a atual governança como um dos fatores principais da revolta. Gamito dos Santos, da Rede Moçambicana dos Defensores dos Direitos Humanos, destaca que a resistência da população em Nampula é histórica e associada à repressão militar.
Já o jornalista Aunício da Silva acredita que a experiência de boa governança municipal no passado motivou o descontentamento atual. "O povo percebeu que melhorias são possíveis, mas está cansado do regime atual", afirmou.
Solução: Diálogo Urgente
Especialistas alertam que o cenário pode piorar se os resultados eleitorais forem validados. "A principal saída é o diálogo sincero entre as partes", sugere Aunício da Silva, pedindo atenção às falhas governamentais e aos custos humanos da repressão.
Enquanto isso, a situação em Nampula permanece tensa, refletindo uma sociedade que clama por mudanças e enfrenta as consequências de um cenário político instável.
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