Venâncio Mondlane, líder da maior contestação aos resultados eleitorais em Moçambique, é um pastor evangélico e ex-membro de vários partidos de oposição.
Após passar pela Frelimo e Renamo, Mondlane se rebelou e fundou uma “frente independente” para desafiar a “máquina” política que governa Moçambique há mais de 50 anos. Conhecido como o "VM7 da política moçambicana", uma referência ao jogador Cristiano Ronaldo, Mondlane tornou-se um fenômeno entre a juventude.
Nascido em 17 de janeiro de 1974, na província de Niassa, Mondlane iniciou sua trajetória pública em 2013, destacando-se como comentarista político. No mesmo ano, entrou na política, unindo-se ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM), uma força jovem criada em 2009. Em sua primeira candidatura, tentou a presidência do Conselho Municipal de Maputo, sendo derrotado, mas conseguiu quase 40% dos assentos, um resultado histórico para o partido. Após a derrota, assumiu a liderança da bancada municipal.
Em 2015, Mondlane se afastou do MDM e, a convite de Afonso Dhlakama, se juntou à Renamo, o principal partido de oposição. Em 2018, tentou novamente conquistar Maputo, mas foi derrotado. No entanto, em 2019, foi eleito deputado pela Renamo e se destacou por seus discursos contra a corrupção e a violência, principalmente em Cabo Delgado. Ele foi um crítico feroz do governo, chamando-o de "mafioso".
Em outubro de 2023, Mondlane se apresentou novamente nas eleições autárquicas em Maputo pela Renamo, mas perdeu para Razaque Manhique, da Frelimo. Não aceitou o resultado e, após diversos recursos, liderou cerca de 50 manifestações em Maputo, envolvendo milhares de pessoas, algumas com confrontos com a polícia. Isso culminou em sua separação oficial da Renamo em 2024, quando sua popularidade estava em alta, especialmente nas redes sociais, onde ultrapassou artistas e outras personalidades.
Em 2024, Mondlane se lançou como candidato independente nas presidenciais de outubro. Tentou uma aliança com a Coligação Aliança Democrática, mas sua formação foi rejeitada pelo Conselho Constitucional por alegadas irregularidades. Em seguida, obteve apoio do partido extraparlamentar Podemos. Durante sua campanha, Mondlane apostou no contato direto com a juventude, realizando transmissões ao vivo que acumularam milhares de visualizações. Seu manifesto propôs uma "reforma total do Estado", alertando para um possível "tsunami" caso houvesse fraude eleitoral. Ele destacou a disposição da juventude moçambicana para "revirar o Estado" e iniciar uma revolução séria.
Atualmente, Mondlane lidera a maior contestação eleitoral no país, a partir do exterior, com protestos que resultaram em mais de 100 mortos e 300 feridos devido a confrontos com a polícia. O Ministério Público moçambicano exigiu uma indemnização de 1,5 milhões de euros pelos danos causados, em um processo contra Mondlane e o partido que o apoia. "Vamos até às últimas consequências", declarou ele em um dos seus últimos diretos nas redes sociais.
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