Durante a sua posse, Daniel Chapo fez um discurso marcante, destacando os problemas mais urgentes que afligem a população moçambicana, entre...
Durante a sua posse, Daniel Chapo fez um discurso marcante, destacando os problemas mais urgentes que afligem a população moçambicana, entre eles a corrupção e a impunidade. Em suas palavras, Chapo reconheceu que a corrupção corroeu as bases do Estado e do povo, e se comprometeu a erradicar práticas como as licitações fraudulentas que favorecem amigos.
"Deixe-me ser claro: quem exigir comissões para realizar seu trabalho está roubando do povo", declarou o Presidente. Ele enfatizou a necessidade de pôr fim a essas práticas, mas a questão agora é: quando as palavras serão transformadas em ações concretas?
Embora o diagnóstico seja correto, com a corrupção prejudicando a vida dos cidadãos, o que está faltando é a ação para combater esse mal. O Presidente prometeu lidar com as licitações fraudulentas, mas até o momento, quase duas semanas após sua posse, ainda não há um governo formado para implementar essas promessas.
O foco da crítica aqui está nas licitações fraudulentas, que há anos prejudicam o país. Um exemplo claro disso ocorreu em 2016, quando a Autoridade Tributária lançou uma licitação para adquirir um sistema de TI para o gerenciamento de máquinas fiscais (SGMF). A empresa contratada recebeu mais de um milhão de dólares, mas o sistema nunca funcionou. Mesmo após o pagamento total, o projeto nunca foi operacionalizado, e nenhum responsável foi responsabilizado, embora o caso tenha sido reportado ao Ministério Público em 2019.
A corrupção prospera no país devido à falta de consequências, e é esse ambiente que precisa ser alterado. A imprensa tem feito seu trabalho ao expor os escândalos, mas a responsabilidade de agir recai sobre o governo e, especificamente, sobre o Presidente Chapo.
Nos últimos dias, a nossa análise sugeriu que Chapo está buscando construir sua imagem como um político íntegro, em contraste com seu antecessor Filipe Nyusi. No entanto, essa imagem só será verdadeira se ele tomar medidas concretas contra a corrupção. O Presidente, como advogado, sabe que os crimes de corrupção não prescrevem, e lidar com os casos de licitações fraudulentas, como o mencionado, seria uma maneira poderosa de ganhar legitimidade e confiança.
Esperamos ver ações do Presidente Chapo para enfrentar a corrupção de maneira eficaz. A imprensa continuará a expor os casos e a exigir que as promessas feitas em seu discurso sejam cumpridas. O caminho para a legitimidade do Presidente passará, sem dúvida, pelo trabalho árduo e pela coragem de enfrentar a corrupção de forma decisiva.
Anexamos um trecho do discurso do Presidente, lembrando suas palavras sobre o combate à corrupção, especialmente nas licitações públicas, e reafirmamos o compromisso de acompanhar de perto a implementação dessas promessas.
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