USAID interrompe projetos em Moçambique e alerta o país. Em Moçambique, uma ordem executiva foi emitida na noite da última sexta-feira, 24 d...
USAID interrompe projetos em Moçambique e alerta o país.
Em Moçambique, uma ordem executiva foi emitida na noite da última sexta-feira, 24 de janeiro. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) instruiu a paralisação de todos os projetos que financia, abrangendo também as viagens entre Maputo e as províncias, além dos deslocamentos das capitais provinciais para os distritos.
O comunicado foi enviado logo após o Secretário de Estado, Marco Rubio, ter enviado um telegrama a todas as representações diplomáticas dos EUA, alertando sobre a ação que coloca Moçambique em estado de alerta.
Conforme reportado pela CNN Brasil, o telegrama de Marco Rubio determina a suspensão imediata das atividades de assistência externa já existentes e adia qualquer nova ajuda, o que pode impactar globalmente a saúde, iniciativas de desenvolvimento, assistência militar e até mesmo a distribuição de água potável.
A USAID, agência dos Estados Unidos, realiza um investimento anual de mais de 1 bilhão de dólares em Moçambique, abrangendo áreas como educação, saneamento, agricultura e saúde, bem como ações para lidar com desastres naturais, como o ciclone DIKELEDI. A saúde é uma das áreas que recebe considerável apoio, especialmente em programas voltados para o combate ao HIV/SIDA, com um investimento de aproximadamente 400 milhões de dólares por parte do governo americano a cada ano.
Com uma taxa de prevalência de 11,6% em todo o país, o HIV/SIDA representa um dos principais desafios para a saúde pública em Moçambique. Desde o ano de 2004, os Estados Unidos investiram mais de 5,2 bilhões de dólares na luta contra a doença, que afeta mais de um milhão de habitantes.
Em março de 2022, o Embaixador dos EUA em Maputo mencionou os recursos destinados ao setor de saúde como um instrumento de pressão ao governo de Filipe Jacinto Nyusi, que se absteve de condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em uma mensagem recente, Peter Vrooman fez um apelo à solidariedade do povo moçambicano, enfatizando que os Estados Unidos têm desempenhado um papel crucial no investimento em saúde, refletindo a cooperação entre as duas nações.
Vrooman destacou: “A colaboração entre os dois povos permitiu que reduzíssemos quase pela metade as mortes relacionadas ao HIV/AIDS. Estamos financiando ajuda humanitária para os deslocados em Cabo Delgado. Há três anos, estivemos ao lado das populações de Manica, Sofala e outras regiões, fornecendo alimentos e água para as vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.”
O diplomata também comentou: “Somos o maior doador de vacinas contra a COVID-19 por meio da iniciativa COVAX, promovendo a solidariedade entre as nações. Essa colaboração é essencial para estreitar os laços. Agora, voltamos nosso olhar para o norte, onde a solidariedade internacional é igualmente vital. Devemos unir esforços em apoio à Ucrânia.”
Um projeto que enfrenta riscos, em decorrência das escolhas feitas por Donald Trump, é o Compacto II da Millennium Challenge Corporation, com um valor total de 537 milhões de dólares, sendo 500 milhões provenientes do governo dos Estados Unidos. O plano, que será executado na província da Zambézia, inclui a construção de uma nova ponte sobre o rio Licungo e a criação de uma estrada circular na região.
A suspensão dos projetos apoio pela USAID gera preocupação em relação ao futuro de várias áreas sociais que dependem do investimento americano, especialmente em um contexto de crise fiscal e limitações financeiras do governo.
De acordo com a CNN Brasil, o canal norte-americano menciona que um telegrama enviado por Marco Rubio oferece isenção apenas para assistência alimentar de emergência e para financiamento militar de Israel e Egito. O documento não cita especificamente outros países que também recebem apoio militar, como Ucrânia ou Taiwan, embora esses países sejam excluídos da suspensão.
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