A educação deve ser um pilar para a construção do conhecimento baseado em fatos, estimulando o pensamento crítico e promovendo valores como justiça e verdade. No entanto, a recente inclusão de uma informação controversa sobre o rapper Azagaia nos novos livros do ensino primário em Moçambique levanta uma questão preocupante:
até que ponto o sistema educacional pode ser influenciado por narrativas distorcidas?
Azagaia, nome artístico de Edson da Luz, foi um dos mais emblemáticos rappers moçambicanos, conhecido por sua voz crítica contra injustiças sociais e políticas. Sua obra transcendeu a música, tornando-se um símbolo de resistência e conscientização. Assim, ao ver seu nome associado ao tráfico de drogas em um livro didático, muitos questionam a intenção por trás dessa afirmação.
Seria um erro de revisão? Uma tentativa de manchar sua imagem?
O episódio mencionado no livro remete a um caso antigo, quando Azagaia foi brevemente detido sob acusação de posse de substâncias ilícitas. Na época, o caso gerou um amplo debate sobre criminalização seletiva e perseguição política a vozes dissidentes. Contudo, reduzir a história de um artista ao rótulo de “traficante” ignora o impacto de sua obra e sua luta por um país mais justo.
Essa situação ocorre em meio a uma reforma curricular que tem buscado modernizar a educação em Moçambique. No entanto, a inclusão de conteúdos sem embasamento factual ou fora de contexto pode comprometer a credibilidade do próprio sistema de ensino.
Diante disso, surge um desafio fundamental: garantir que os materiais educativos sejam elaborados com rigor, responsabilidade e respeito à verdade. A escola deve ensinar os alunos a questionar, analisar e compreender os fatos de forma objetiva, e não perpetuar desinformação. O caso Azagaia nos livros escolares nos lembra que a história de uma nação é construída não apenas pelo que se ensina, mas também pelo que se escolhe omitir ou distorcer.