O partido PODEMOS começará sua participação no Parlamento nesta quarta-feira, durante a sessão extraordinária que elegerá os membros da Comissão Permanente da Assembleia da República.
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Foto: Moz Times |
No entanto, o partido pretende usar a oportunidade para questionar a presença e a atuação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) durante os protestos pós-eleitorais.
A bancada do PODEMOS, atualmente o maior partido da oposição, questiona a legalidade do envio de militares às ruas e se o Parlamento foi consultado sobre essa decisão. “Queremos entender com a Comissão Permanente o motivo da presença e atuação dos militares nas ruas, e se essa ação foi discutida ou autorizada pelo Parlamento”, disse Ivandro Massingue, porta-voz da bancada parlamentar do PODEMOS, em entrevista ao MOZTIMES.
“Esperamos que a legalidade seja restaurada, para que os militares não continuem nas ruas, intimidando o povo que luta pelos seus direitos”, acrescentou.
Os protestos contra os resultados das eleições resultaram em mais de 300 mortes e 600 feridos durante os confrontos entre manifestantes e a Polícia, segundo a Plataforma Eleitoral DECIDE, uma organização que monitora a violência pós-eleitoral.
Embora os militares tenham se abstido de confrontos diretos com os manifestantes, atuaram como apoio à Polícia, que esteve na linha de frente enfrentando a população. No entanto, houve incidentes isolados de violência envolvendo os militares, como o atropelamento de uma jovem por uma viatura das Forças de Defesa e Segurança, durante os protestos em Maputo. As FADM admitiram a autoria do atropelamento e garantiram que prestaram socorro à vítima, além de iniciar um inquérito sobre o incidente.
Os militares também têm se envolvido em confrontos com as milícias locais, chamadas Naparama, que atuam principalmente nas províncias da Zambézia e Nampula, supostamente em defesa da população local. Relatos indicam que dezenas de membros das Naparama foram mortos em confrontos com as Forças Armadas.
O PODEMOS, que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, líder das manifestações pós-eleitorais, exige a responsabilização dos responsáveis pelos assassinatos.
“Apresentaremos propostas para responsabilizar todos os envolvidos e mandantes. Também apresentaremos propostas de indenização para aqueles que sofreram danos ou ferimentos devido à má conduta da Polícia”, explicou Massingue.
Fonte: Moz Times