O povo moçambicano parece não aprender com a história. Não é novidade que figuras políticas acabam por se tornar o centro das atenções, como já aconteceu no passado. Afonso Dhlakama, por muitos anos, foi venerado pelos seus seguidores, assim como Daviz Simango.
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O problema, porém, é que esses líderes carismáticos não prepararam sucessores, não estruturaram suas ideias para o futuro, diferentemente da FRELIMO, que há décadas mantém uma estratégia de continuidade. Com suas mortes, levaram consigo seus legados, sem passá-los para as gerações seguintes.
O cenário atual repete o passado. A idolatria política tem se mostrado um caminho para a desilusão, pois obscurece a razão e leva muitos a perderem a capacidade crítica. Em vez de se fortalecerem partidos e instituições, seguimos apostando em indivíduos, como se fossem insubstituíveis, impedindo o surgimento de novas lideranças.
Hoje, vemos o mesmo fenômeno acontecer novamente. Muitos seguidores elevam seus líderes a um status quase divino, ignorando que as bandeiras partidárias que eles defendem parecem ser meros instrumentos descartáveis. Em vez de ajudarem a promover ideias políticas, transformam-se em fiéis seguidores, sem questionamentos, sem ponderação, apenas repetindo discursos e reverenciando suas figuras.
Esse fanatismo cego cria um perigoso cenário onde a política se transforma em culto à personalidade. Quando um líder passa a ser visto como uma figura paternal, seus seguidores deixam de ser cidadãos críticos e passam a agir como súditos que esperam ser “cuidados” pelo chefe. Esse tipo de populismo não fortalece a democracia, apenas a enfraquece, pois substitui o debate político por devoção irracional.
Quando a política atinge esse nível, pouco resta à pátria para se orgulhar.