O presidente moçambicano, Daniel Chapo, defendeu nesta segunda-feira que os recursos naturais do país sejam utilizados para impulsionar o desenvolvimento nacional, garantindo que a população não continue a enfrentar carências em áreas como saúde e educação, apesar da riqueza mineral de Moçambique.
As declarações foram feitas durante a posse de João Osvaldo Machatine, ex-ministro das Obras Públicas, agora nomeado coordenador executivo do recém-criado Gabinete de Reformas e Projetos Estratégicos.
Prioridade ao Desenvolvimento Nacional
“Precisamos tomar decisões ousadas para garantir que esses recursos beneficiem, em primeiro lugar, o crescimento econômico e social do país. Não podemos permitir que comunidades próximas a megaprojetos continuem a reivindicar escolas, hospitais e outras infraestruturas básicas”, afirmou Chapo, citando suas recentes visitas a Tete, Nacala, Palma e Inhambane como exemplos das necessidades urgentes da população.
O discurso do presidente acontece em meio a um cenário de protestos pós-eleitorais, que resultaram na paralisação de diversos projetos de exploração de recursos naturais. Manifestantes têm exigido melhores condições de vida, incluindo o acesso a serviços básicos como educação e saúde.
Criação do Gabinete de Reformas
Como resposta a essas demandas, Chapo anunciou a criação do Gabinete de Reformas e Projetos Estratégicos, que terá a missão de avaliar contratos, concessões e o andamento de reformas e projetos de grande impacto para o país.
“Não podemos permitir que o Estado moçambicano continue a receber receitas reduzidas por recursos que são, por direito, patrimônio da nação. Cabe à nossa geração romper o ciclo de desigualdade que perpetua a dependência da ajuda externa”, destacou o presidente.
O novo gabinete, sob a liderança de João Machatine, terá como principal objetivo tornar Moçambique um destino atrativo para investimentos e promover um crescimento econômico sustentável e equilibrado.
Aposta na Industrialização e Transparência
Além das reformas institucionais, Chapo enfatizou a necessidade de capacitar os moçambicanos para que o país possa gerir melhor seus recursos naturais e direcioná-los para a industrialização, considerada essencial para um desenvolvimento acelerado.
Machatine reconheceu os desafios do contexto atual, mas assegurou que o novo gabinete trabalhará para implementar reformas que atendam às necessidades da população.
“O mundo mudou e precisamos adaptar-nos a essas novas realidades e pressões sociais, assegurando que a população tenha acesso a condições de vida dignas”, afirmou.
Para garantir transparência nas ações do gabinete, foi instituído um Conselho Coordenador, composto por representantes do governo, da sociedade civil e do setor privado, sob a presidência do próprio chefe de Estado.