Governo encerra Rádio Encontro alegando interferências na frequência
O Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM) ordenou o encerramento da Rádio Encontro, uma emissora sediada em Nampula, sob a justificativa de que a sua frequência estaria a causar interferências nos serviços móveis aeronáuticos. A direção da rádio, no entanto, aguarda esclarecimentos sobre a decisão.
A rádio, fundada em 1995 e pertencente à Igreja Católica, tem sido reconhecida por sua linha editorial crítica ao governo. A ordem de encerramento foi executada na terça-feira (11), após uma inspeção técnica conduzida pelo INCM.
O diretor da Rádio Encontro, padre Benvindo de Jesus Tapua, afirmou que a decisão foi recebida com surpresa, uma vez que não houve qualquer notificação prévia sobre a suposta interferência. Em entrevista, explicou que a emissora estava em processo de solicitação de uma repetidora para expandir seu sinal e que, até então, mantinha uma relação de cooperação com o INCM.
"Estamos sempre em contato com o INCM devido ao nosso pedido de link para expandir os serviços. Nunca fomos informados de qualquer problema na nossa frequência. Agora, recebemos essa comunicação sem aviso prévio, o que nos deixa sem entender exatamente o que está a acontecer", afirmou Tapua.
Sobre a possibilidade de motivações políticas por trás da decisão, o diretor da rádio disse que só poderá comentar após uma reunião marcada com o INCM na quinta-feira (13). "Até o momento, não temos informações suficientes para especular sobre essa questão", disse.
Mesmo operando há quase 30 anos sem problemas aparentes, a emissora foi fechada de forma repentina, levantando dúvidas entre os funcionários e ouvintes. O padre Tapua reforçou que a rádio está em conformidade com as regulamentações e cumpre suas obrigações fiscais. "Sempre pagamos os nossos impostos e mantemos uma relação profissional com o INCM. Não temos qualquer conflito com o Estado", destacou.
A decisão de encerrar a Rádio Encontro tem gerado debate, especialmente por se tratar de uma emissora com forte atuação comunitária e um histórico de independência editorial. A direção aguarda esclarecimentos para determinar os próximos passos.