Greve na AT: Funcionários exigem melhores salários

Greve na AT: Funcionários exigem melhores salários

O país tem testemunhado um aumento nas manifestações desde as eleições de 9 de outubro de 2024, o que tem encorajado mais setores a expressarem suas reivindicações.

Até então, os profissionais da saúde e os professores eram os principais protagonistas de greves para exigir melhores condições. No entanto, nesta segunda-feira (10), a Autoridade Tributária de Moçambique (AT), responsável por grande parte da arrecadação de receitas do Estado, anunciou a paralisação das suas atividades, reivindicando salários compatíveis com a carreira de Técnico Superior Tributário de 2ª classe, conforme estipulado na tabela da instituição.

A greve envolve cerca de 500 funcionários que ingressaram na AT por meio do concurso de mobilidade de 2020 e que, após anos de silêncio, decidiram tornar pública a sua insatisfação.

Em Nampula, aproximadamente 52 trabalhadores abandonaram os postos de trabalho e reuniram-se em frente à instituição para reivindicar seus direitos. "Não faz sentido que uma entidade responsável pela arrecadação de receitas alegue não ter dinheiro para pagar salários justos", expressaram alguns grevistas, sem conceder entrevistas formais.

Para o economista Egas Daniel, essa situação pode comprometer ainda mais a economia do país, uma vez que a AT é essencial para o funcionamento das finanças públicas. Ele alerta que, se o governo não adotar medidas eficazes para conter a onda de greves no setor público, a crise pode se agravar. "O vírus da reivindicação já se espalhou", afirmou.

Daniel também ressalta a necessidade de uma comunicação governamental mais clara e eficiente para lidar com o problema. "Não basta apenas resolver a questão salarial. É essencial que o governo esclareça a situação e apresente soluções concretas para evitar novos protestos", explicou.

Os funcionários em greve em Nampula alegam que enviaram cerca de 14 cartas ao então presidente da República, Filipe Nyusi, desde 2020, expondo suas preocupações, mas nunca receberam resposta.

Segundo um documento obtido pelo Ikweli, a falta de reajuste salarial desde 2020 representa uma violação dos direitos dos trabalhadores, conforme estabelecido no artigo 85 da Constituição da República, que garante uma remuneração justa.
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