Azagaia: O Medo do Sistema Diante de Quem Desperta Consciências
A história é escrita por aqueles que detêm o poder, mas a verdade pertence ao povo. Em Moçambique, essa verdade tem sido silenciada, distorcida e, muitas vezes, transformada em arma contra aqueles que ousam defendê-la. Os defensores dos direitos humanos não são apenas perseguidos; são assassinados, caluniados e desmoralizados em um ciclo contínuo de injustiça.
Durante os períodos eleitorais, vemos o reforço de narrativas criadas para desacreditar aqueles que lutam por um país mais justo. Esses ataques vão além da difamação: são estratégias para destruir moralmente os que se levantam contra a opressão.
Um exemplo alarmante dessa manipulação está no livro de Língua Portuguesa da oitava classe, em vigor desde 2020. Esse material educativo, em vez de ensinar valores de justiça e cidadania, contém um texto que deturpa a imagem de Edson da Luz, o icônico rapper de intervenção conhecido como Azagaia. Nele, o artista é retratado como um criminoso, um vilão da sociedade – uma construção narrativa patrocinada pelo regime da Frelimo para moldar a percepção das futuras gerações sobre aqueles que desafiam o status quo.
Mas a juventude moçambicana conhece a verdade. Enquanto os heróis da luta de libertação nacional perdem relevância para as novas gerações, Azagaia se tornou o símbolo de uma nova resistência – um herói que não empunhou armas, mas versos. Um poeta que usou sua arte para questionar a corrupção, a repressão e a desigualdade.
O fato de sua memória continuar sendo atacada, mesmo após sua morte, reflete o medo que o sistema tem daqueles que despertam consciências. Não se trata apenas de uma questão de honra para Azagaia, mas de uma luta por justiça para todos os defensores dos direitos humanos em Moçambique.
Essa realidade não pode ser normalizada. É preciso denunciar, resistir e exigir que o nome de Azagaia seja resgatado da lama da desinformação. Seu legado é um chamado à ação, um lembrete de que a liberdade tem um preço – e que aqueles que lutam por ela devem ser defendidos, não difamados.